28 de abril de 2013

Feliz aniversário, Caatinga!



Hoje, 28 de abril, é o Dia Nacional da Caatinga. Desde 2003 comemora-se esse dia, e a data escolhida é a do aniversário de João Vasconcelos Sobrinho, primeiro ecólogo nordestino e pioneiro nos estudos sobre esse bioma. As pessoas que acompanham esse blog sabem das dezenas de postagens de fotografias e textos que tenho sobre a Caatinga e quanto eu sou apaixonado por esse bioma. Mas infelizmente, não temos muito para comemorar.

Mais de 50% desse bioma já não existe mais e encontra-se drasticamente fragmentado, descaracterizado e sofrendo intensa pressão antrópica. Além disso, a Caatinga é o bioma brasileiro que possui menor proporção de áreas protegidas, por isso, não exagero dizer que esse é um paraíso em extinção. Talvez esse descaso que o governo (e a população brasileira) tenha com a Caatinga seja oriundo de um preconceito estabelecido a séculos atrás e que classifique a Caatinga como um lugar seco, pobre e feio, servindo de cenário para as mazelas de um povo que sofre e tem uma história triste e que muitos brasileiros não querem contar.

Mas a Caatinga é muito mais que isso. Há beleza em cada cantinho que se olhe, com paisagens que não consigo nem descrever. Há uma cultura única, forjada no rótulo de Cangaço, mas que é muito mais rica do que aparece nos filmes e livros de história. Na Caatinga há vida! Lá eu passei alguns dos melhores momentos da minha vida, ri e chorei. Mais que isso, na Caatinga eu redescobri a minha vida. Exatamente por isso que eu sempre retratei apenas a beleza e alegria desse lugar. Mas não hoje... No aniversário dela terei que mostrar outro lado. Ao longo dos três anos trabalhando nesse bioma eu fui testemunha incólume da exploração e destruição desse paraíso. Eu assisti quieto à abertura de estradas, retirada e queimada de milhares de metros quadrados de vegetação nativa, caça de animais, criação de carvoarias e mineradoras ilegais. Assisti de perto, muitas vezes, ao lado de agentes do IBAMA.

Não há o que comemorar no aniversário da Caatinga, afinal de contas, quando apagarem as velhinhas e o escuro tomar conta da festa já não restará Caatinga quando as luzes acenderem.




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