6 de dezembro de 2016

Palheiro curto



Nós sentamos para descansar em um oásis florestal em meio a uma quase-infinita campina amazônica e dali fizemos nossa casa por quatro noites. As árvores eram nossos móveis e o céu nosso teto. Ali comíamos, conversávamos e recebíamos todas as visitas com um sorriso no rosto e um feixe de luz da lanterna. Sabíamos que estávamos na maior e mais bela das casas tropicais, e por isso a alegria. Mas a alegria não era felicidade, ao contrário. Tão breve quanto a fumaça de um palheiro acendido na floresta úmida, essa casa sumirá sob as águas da incapacidade humana e só o que restará é uma lembrança sem cor em uma memória com os dias contados.

Parque Nacional dos Campos Amazônicos, Rondônia, Brasil.
Outubro de 2014.





30 de novembro de 2016

Sarah Westphal disse que "ainda pior que a convicção do não, e a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi".

Quase nos tornamos um modelo de combate a desigualde social. Quase viramos um país politicamente relevante no mundo. Foi por pouco que não colocamos nossa ciência em um patamar de pleno desenvolvimento. Faltou um empurrãozinho de nada pra tornarmos nossa educação acessível à todxs.

Quase viramos uma democracia. Quase.

A PEC 241/55 foi aprovada em primeiro turno no Senado, enquanto o Brasil tentava digerir uma tragédia.

Três dias de luto pela Chape. 20 anos de luta para o povo.