15 de maio de 2012

Moça tímida


A Caatinga parece brincar de morto-vivo todos os dias, amanhece viva, ao longo do dia morre e conforme a Sol cai no horizonte e a Lua engorda no céu, a Caatinga vai nascendo novamente. Parece que ela sente vergonha de suas veias secas e seus cabelos retorcidos e só se mostra nua e viva no escurinho da noite. A Caatinga é paradoxalmente uma moça quente e tímida. Mas agora que a luz vai se apagando aqui nesse Pernambuco, os olhinhos da noite começam a se alumiar, os gritos vindos desse mato seco atiçam minha curiosidade e agora um cheiro adocicado é trazido num vento fresco que eu mal sei de onde vem. É bicho, planta e pedra que fazem um balé de sombras e vultos nesse teatro que assisto como uma criança debruçada na janela.

Ouricuri, Pernambuco, Brasil.
Março de 2011


Nenhum comentário:

Postar um comentário