A Caatinga parece brincar de
morto-vivo todos os dias, amanhece viva, ao longo do dia morre e conforme a Sol
cai no horizonte e a Lua engorda no céu, a Caatinga vai nascendo novamente.
Parece que ela sente vergonha de suas veias secas e seus cabelos retorcidos e
só se mostra nua e viva no escurinho da noite. A Caatinga é paradoxalmente uma
moça quente e tímida. Mas agora que a luz vai se apagando aqui nesse
Pernambuco, os olhinhos da noite começam a se alumiar, os gritos vindos desse
mato seco atiçam minha curiosidade e agora um cheiro adocicado é trazido num
vento fresco que eu mal sei de onde vem. É bicho, planta e pedra que fazem um
balé de sombras e vultos nesse teatro que assisto como uma criança debruçada na
janela.
Ouricuri, Pernambuco, Brasil.
Março de 2011
Ouricuri, Pernambuco, Brasil.
Março de 2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário