13 de junho de 2011

Da pedagogia utópica ao instinto animal

Como já disse em outras postagens, eu nasci, cresci e moro até hoje no subúrbio pobre do Rio de Janeiro, todo meu desenvolvimento, como pessoa e como profissional, teve influência de um mosaico de experiências causadas por um mundo circundante totalmente heterogêneo. Depois desses curtos 24 anos vividos, eu cheguei a uma conclusão que milhares de pessoas devem chegar todos os anos, o maior problema da sociedade – seja ambiental, social, político ou econômico – é o estado terminal de nossa educação. E eu não falo apenas da educação formal, aquela ensinada nas escolas.

Atualmente nós estamos vivendo em um mundo falso, onde todos estão preocupados com o desprezível e desprezando o essencial. Em suma, nossos avós cresceram com pais presentes, preocupados e na maioria das vezes até rígidos. Isso não produziu um exército de psicopatas execráveis à margem da sociedade. Pelo contrário. Com o passar do tempo houve uma maior preocupação nos métodos de educar, o que certamente contribuiu muito para a liberdade de expressão individual e para um maior desenvolvimento intelectual. Mas e agora? Será que essas preocupações não se tornaram uma espécie de hipocondria pedagógica?

Professores não possuem mais autoridade alguma em salas de aula, qualquer palavra mais enérgica com a Mariazinha e a mãe poderá processá-lo, qualquer ação mais combativa com o Joãozinho e o pai poderá expurgá-lo da vida acadêmica para sempre. O professor virou uma babá que vez ou outra tem de se fingir de Mizaru, Kikazaru ou Iwazaru. Agora há uma preocupação global com bullying enquanto alunos continuam a se degladiar dentro e fora das escolas, e isso nada tem a ver com chacotas de turminhas de colégio. A violência tem mais a ver com falta de orientação e de diversão.

Crianças vivem trancafiadas em mundos próprios, muitas têm tantos compromissos quanto os pais. A rua se tornou um ambiente hostil, a casa do amiguinho virou um local pouco confiável, as brincadeiras antigas, agora são perigosas, incitam a sexualidade ou a violência. E tudo que o pai quer ver é seu filho dentro da segurança de seu quarto aprendendo a viver com um filme pornográfico e um jogo de videogame violento. Os jovens do presente não têm mais ídolos ou heróis, e seus espelhos são aqueles que têm mais dinheiro e poder, sejam eles mocinhos ou bandidos, não importa. Depois ainda vem psicopedagoga na televisão dizer que a culpa é do Estado que não faz uma cartilha de educação sexual decente. Tenha paciência! Não adianta investir milhões na educação, com bons ou péssimos salários aos professores, se não começarmos a mudar a mentalidade da sociedade de hoje em dia. Os pais não podem entregar seus filhos nas escolas achando que ela vai os ensinar a viver. O professor não pode ter medo de tomar uma ação mais dura se assim for justo e necessário. Educar é um processo continuado e que deve ser acompanhado por quem já passou por esse processo! É simples, basta ver outros animais criando suas proles, ensinando, observando e repreendendo!

A pedagogia moderna é totalmente baseada na teoria e suas aplicações são utópicas. Quem formula as novas regras esquece que ainda somos animais, que em determinada fase da vida precisamos treinar nossas habilidades de conflito e de reprodução, por isso as crianças brincam de brigar, por isso os adolescentes brincam de amar. Mas controlando nossos instintos e cerceando nosso universo, como estão fazendo, vamos criar uma sociedade agressiva, medrosa e confusa sexualmente.

Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência!

3 comentários:

  1. Pois é, meu amigo. Muitas teorias das áreas da Educação são utópicas, mas outras podem ser aplicadas no dia-a-dia. Também desconfio, mas tenho uma outra visão, o mais importante é tentarmos absorver algo de bom delas e aplicá-las diariamente. Bom, aí a coisa fica difícil, com certeza! Enfim, bom ponto de vista! E sobretudo, discutir educação é sempre ótimo e fundamental! Grande abraço!

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  2. É isso aí meu irmão... nossa licenciatura faz parte desse contexto, e de nada vai adiantar nosso ensino pedagogico sem a base do ensino doméstico.

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  3. Pois é, minha gente! Formas diferentes de ver, mas que podem gerar boas discussões!

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