Mundo perdido

Passei uma semana inteira trilhando os labirintos estreitos de uma paisagem que poderia tranquilamente ser cenário de filme no melhor estilo Jurassic Park. Mas lá os animais são de verdade, tem vida. Andar pela Bocaina a noite foi uma das experiências mais mágicas e assustadoras da minha vida, com pontos altos e baixos que oscilam e inebriam o meu conceito sobre esse lugar. Seja pelo furtivo encontro cara-a-cara com uma Onça-parda que fez estremecer a minha estrutura óssea (meu companheiro de pesquisa, Saulo, que o diga), ou pelo misterioso sumiço de minha querida câmera fotográfica, a Bocaina me trouxe, antes de qualquer coisa, SURPRESAS! 

Lá tive a oportunidade rara de trabalhar em uma Floresta Atlântica de verdade, primária, lotada de animais! Tive o privilégio (e quase azar) e ver uma Onça adulta a menos de dois metros do meu então pálido corpo. Tive a chance rara de pegar morcegos que jamais tinha visto vivo, o que me rendeu boas fotos! Mas outras muitas fotos foram perdidas junto de minha câmera, que tomara que dê bons frutos nas mãos de quem a possui agora, como deu nas minhas. A Bocaina me pareceu sim o verdadeiro Mundo Perdido, não exatamente igual ao dos filmes do Jurassic Park, e sim um mundo muito melhor!

Esse sim se tornou um dos meus lugares preferidos, não apenas pela beleza estonteante e pela biodiversidade incomensurável, mas também por sentir que pela primeira vez eu não sei o que posso encontrar em um lugar, seja bom ou ruim. E confesso que fico tentado a descobrir o que mais pode haver...

A Bocaina me desafiou, e eu a desafio a continuar fazendo isso por muito tempo!


Parque Nacional da Serra da Bocaina, Rio de Janeiro, Brasil.
Maio de 2011