16 de fevereiro de 2011

O vírus humanidade: da Terra para o cosmos, carregando consigo suas mazelas ambientais

Todo mundo conhece algum filme ou desenho, normalmente americano, que retrata em seu enredo uma população extraterrestre que passa a vida invadindo planetas, consumindo seus recursos naturais, extinguindo seus habitantes e espalhando terror e guerra pelas galáxias. Normalmente esses seres alienígenas possuem uma inteligência invejável e uma aparência humanizada, apesar de serem retratados bem mais feios. Apesar de todo seu desenvolvimento tecnológico e social, esses seres alienígenas esgotaram os recursos naturais de seu planeta, e por isso, precisam viajar pelo espaço em busca de planetas que ainda tenham recursos para serem consumidos. Quando encontram, consomem todos os recursos daquele planeta e saem a procura de outro...

Isso parece enredo para mais um fantasioso filme hollywoodiano com incríveis e dignos efeitos especiais. Mas só parece. Essa aparente ficção científica não é tão fictícia assim. Descobri essa semana lendo uma matéria em uma revista de divulgação científica americana, que a NASA já estuda a idéia de ocupar outros locais no cosmos caso a vida na Terra se torne insustentável nos próximos séculos. Ou seja, ao invés de investir em pesquisas e ações maciças para a conservação do único planeta com vida que se conhece até o momento, algumas pessoas (ou instituições) preferem investir seus ricos e numerosos dólares (em longo prazo) em busca de um novo endereço no espaço que possa nos abrigar.

Parece absurdo, mas nós estamos planejando ser iguais aos gosmentos e repugnantes aliens de tais filmes. Estamos querendo dar passos dignos de um vírus, que parasita todos os recursos que pode, se multiplica desenfreadamente, extrapola os limites de onde vive e agora vai sair do corpo original em busca novos corpos pra parasitar. Nosso comportamento viral pode ser notado facilmente por aí. Nas filas de banco, dentro dos transportes públicos e em todas as partes de cidades ao redor de todo planeta. Nos já estamos esgotando uma parcela considerável dos recursos que mantém a Terra viva, e aqueles que ainda não foram consumidos por completo, já estão seriamente prejudicados por nossas ações indiretas. Nossa população já chegou a taxas preocupantes e o mais preocupante é que continua crescendo exponencialmente. Nós criamos tecnologias e aprendemos novas ciências com grande velocidade e maestria, nós já fazemos projeções confiáveis e cálculos com pouca margem de erro, mas ainda não conseguimos compreender bem o real impacto de nossas ações, ou estamos fingindo não compreender. Em diversas partes do mundo o quadro atual pode ser comparado as famosas projeções de Thomas Malthus, salvando-se as proporções e tempo de aplicação, logicamente. Estamos vivendo no limite, seja populacional, seja ambiental, seja econômico, seja como for. E esses limites, apesar de bem marcados e estudados, são ignorados, ridicularizados e desacreditados, assim como fizeram com algumas teorias de Malthus no século XVIII.

Pare e pense! Já não tem vagas em muitas escolas públicas da América do Sul, a água já é um recurso caro e extremamente raro em muitos países asiáticos, a fome aumenta proporcionalmente ao crescimento populacional humano na África, a área total de terras férteis vem diminuindo a cada dia no centro-oeste brasileiro e você não se dá conta de que embora o preço do iPod abaixe a cada mês, os impostos para manutenção de recursos como água, esgoto e energia elétrica estão aumentando em todo mundo. Muito gente já esqueceu quem elegeu no final do ano passado e não percebem que todas as ações, sejam elas políticas, sociais, culturais e econômicas vão gerar algum efeito ambiental.

Concluindo, a Terra é Marte, os alienígenas somos nós, Malthus está vivo e os problemas ambientais são mais abrangentes do que você pensa.

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