6 de agosto de 2013

Desenho de luz


Ao sentar nesse cantinho de rio é quase impossível não pensar que muito em breve tudo isso que eu vejo será apenas uma dolorosa lembrança. Quantas cores, quantas histórias, quanta poesia visual produzida nessa fatia de Amazônia será afogada pela nossa ignorância e incapacidade. Durante as andanças por áreas prestes a serem destruídas, as vezes me sinto como Caronte, o barqueiro que conduz as almas para o inferno, mas em outros momentos me sinto privilegiado por poder assistir ao belo espetáculo produzido pela vida, mesmo que agonizante. Nesse contexto, me sinto na obrigação de registrar cada detalhe do que vejo, tentando usar a fotografia como uma cola entre meus olhos e meu coração. O resultado é um desenho feito com luz, e as cores quase sempre tristes são um reflexo do que sinto.


Rio Ji-Paraná, Rondônia, Brasil.
Julho de 2013


Um comentário:

  1. Belas palavras meu querido! Acho que todos nós consultores ambientais sentimos a mesma angustia. Como diz meu grande amigo R.Brandão, biólogo é o profissional do apocalipse. Sellllllllllva!

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