Na última quarta-feira, dia 26 de junho de 2013, a Ministra do Meio Ambiente, Izabella
Teixeira, e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que é presidido por
ela, publicou a Resolução nº 457 no Diário Oficial da União. Trata-se de mais
um retrocesso na política ambiental brasileira, como muitas outras já
comentadas nesse blog [1, 2, 3, 4, 5]. Tal resolução permite que cada cidadão brasileiro obtenha
a posse legalmente até 10 animais silvestres de origem ilegal (tráfico),
mediante preenchimento de um risível “termo de depósito”.
Colocando em linguagem clara e direta, tal resolução é nada mais e
nada menos que um tipo de legalização do tráfico de animais silvestres no
Brasil, autorizando a posse de espécies nativas. A verdade por trás disso é que
ao legalizar um animal advindo de origem ilegal o governo está estimulando a
biopirataria, “premiando” com uma licença quem comete um crime ambiental. Um completo
absurdo! Uma das justificativas dadas para a publicação dessa resolução é que os
depósitos de animais silvestres dos órgãos governamentais competentes estão
lotados e não possuem suporte para o correto tratamento dos espécimes que chegam.
Isso é uma grande verdade, mas a saída escolhida pelo governo está longe de ser
a ideal. Uma analogia que exemplifica tal absurdo seria a permissão de um
assaltante ficar com a posse do carro que roubou porque o depósito do DETRAN
está lotado.
O que o governo está fazendo pode ser entendido, no termo popular como
“lavar as mãos”. Porém, é bem óbvio que a saída para esse problema seria o
fortalecimento das políticas ambientais através da estruturação e capacitação dos
centros de triagem de animais silvestres (CETAS), enrijecimento das leis contra
a biopirataria e uma intensificação das ações de fiscalização. Mas não, o que o
governo está fazendo contra esse crescente crime ambiental é o oposto, ele está
afrouxando a legislação. Não faz sentido!
Enquanto a maior parte dos países desenvolvidos, ou em franco processo
de desenvolvimento, estão cada vez mais preocupados com o patrimônio natural e
a biodiversidade de seus territórios, o Brasil ainda continua correndo na
contramão e em alta velocidade. Sinceramente, eu não sei aonde o governo quer
chegar com essa política de combate à conservação da biodiversidade, mas o
resultado poderá ser mais uma onda de superexploração ambiental, comparável
somente ao que aconteceu no período colonial.
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