Enquanto eu caminhava pela praia vi algumas linhas tortas na areia. Eram
contínuas e eu nem se quer podia enxergar onde acabavam, embora saiba que em
algum lugar elas iriam sumir, mesmo que fosse ao final da praia ou na próxima
onda. Enquanto me sentava para pegar a câmera pensei que cada linha dessas poderia
representar uma vida, cheia de vai e vem, altos e baixos, desvios e encontros,
como deve ser. Cada vida é uma linha, única e totalmente distinta de outras
linhas. Às vezes as linhas se encontravam e se separavam, enquanto outras se
fundiam em uma linha única, assim como as vidas. Algumas linhas desapareciam prematuramente
ao longo do trajeto, outras continuavam e até se duplicavam. Cada linha na
praia parecia ser uma vida, uma pessoa.
Fiquei algumas horas observando as linhas até o mar subir e apagá-las.
Então percebi o quanto cada linha, ou cada vida, é frágil. A qualquer momento
tudo pode mudar, todas as histórias, caminhos e processos que formaram cada
linha deixam de existir. No dia seguinte voltei à praia no
mesmo horário e vi que novas linhas tinham sido formadas, diferentes das
outras, mas igualmente bonitas. Foi aí que notei que as linhas servem para deixar a praia mais bonita,
e que seu vai e vem diário a torna diferente todos os dias. Se nessa estranha
analogia a praia representa a vida e as linhas as pessoas...
Para que servimos?
Ilha Grande, Rio de Janeiro, Brasil.
Março de 2013
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