11 de março de 2013

Vai e vem


Enquanto eu caminhava pela praia vi algumas linhas tortas na areia. Eram contínuas e eu nem se quer podia enxergar onde acabavam, embora saiba que em algum lugar elas iriam sumir, mesmo que fosse ao final da praia ou na próxima onda. Enquanto me sentava para pegar a câmera pensei que cada linha dessas poderia representar uma vida, cheia de vai e vem, altos e baixos, desvios e encontros, como deve ser. Cada vida é uma linha, única e totalmente distinta de outras linhas. Às vezes as linhas se encontravam e se separavam, enquanto outras se fundiam em uma linha única, assim como as vidas. Algumas linhas desapareciam prematuramente ao longo do trajeto, outras continuavam e até se duplicavam. Cada linha na praia parecia ser uma vida, uma pessoa.

Fiquei algumas horas observando as linhas até o mar subir e apagá-las. Então percebi o quanto cada linha, ou cada vida, é frágil. A qualquer momento tudo pode mudar, todas as histórias, caminhos e processos que formaram cada linha deixam de existir. No dia seguinte voltei à praia no mesmo horário e vi que novas linhas tinham sido formadas, diferentes das outras, mas igualmente bonitas. Foi aí que notei que as linhas servem para deixar a praia mais bonita, e que seu vai e vem diário a torna diferente todos os dias. Se nessa estranha analogia a praia representa a vida e as linhas as pessoas...

Para que servimos?


Ilha Grande, Rio de Janeiro, Brasil.
Março de 2013


Nenhum comentário:

Postar um comentário