26 de janeiro de 2013

Corrupção ao alcance de todos


Creio que a corrupção seja o câncer da sociedade e da política moderna, levando a destruição lenta e gradual do organismo, sendo de improvável cura e podendo resultar no colapso e morte do seu portador. É exatamente por isso que eu vejo tantos protestos e reclamações sobre o quão corrompido está o sistema político brasileiro, e essas mesmas pessoas esbravejam furiosas sobre a impunidade para corruptos condenados, já que o “bicheiro” Cachoeira está solto e em Lua de Mel, José Genuíno tomou posse do mandato de deputado federal e tantos outros condenados por crimes ligados a apropriação de dinheiro público e formação de quadrilha estão livres e serelepes.

Sim, isso também me incomoda, mas eu aposto a minha mão direita que dessas pessoas que tanto reclamam, mais da metade delas é tão corrupta quanto eles. Afinal, Se você dá dinheiro para o policial militar para ele te liberar na blitz você é corrupto, se você coloca gato de energia elétrica, água, TV a cabo ou internet na sua casa você é corrupto, se você paga o avaliador para passar na prova de habilitação do DETRAN você é corrupto, se você é funcionário público e ganha um salário para executar um trabalho e não o faz você também é corrupto. Tenho outras dezenas de exemplos, mas deixemos para depois. O que quero demonstrar nesse texto é que a corrupção é uma deturpação social formada por dois lados, o corruptor e corrompido, e que ela é absolutamente comum na nossa sociedade. 

Em conversas de boteco eu sempre escuto os patriotas mais exaltados dizerem de boca cheia que o povo brasileiro é honesto. Será mesmo? Eu enxergo a nossa sociedade afogada em um mar de corrupção, onde todo mundo quer se beneficiar em qualquer tipo de transação, não importa o nível social. O vendedor sonega impostos, o comerciante paga os fiscais da fazenda ou da vigilância sanitária, o policial recebe dinheiro do tráfico, os militares extorquem as comunidades em troca de TV a cabo, o médico vende atestado ou exame pelo SUS, o funcionário público vende suas horas de trabalho, o banqueiro faz contravenção e o político desvia verba pública. E quem está alimentando a base dessa cadeia? O povo que faz o gato, que compra o policial ou que aceita ser corrompido enquanto exerce o seu trabalho. Por isso que eu digo que o povo que aceita a corrupção em quase todos os escalões da sociedade não pode reclamar da corrupção na política. O grande problema é que a corrupção brasileira virou quase um hábito cultural, porque a gente já deu até outro nome para ela, o tal do “jeitinho brasileiro”. Parece que aqui tudo e todos têm preço e pode mais quem paga mais. 

Portanto, se você realmente acredita e clama por uma política mais honesta e justa lembre-se que ela é fruto da nossa sociedade, e que a sociedade também depende dos seus atos. Ou então cale a boca, assuma a sua condição de parasita e aceite a sociedade do jeito que está. E por favor, você que pai ou mãe, ensine seus filhos que corrupção não é um fenômeno exclusivo de Brasília.

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