Faltando exatamente uma semana para as eleições municipais as
campanhas dos candidatos se intensifica e vai ficando quase impossível não perceber
os detalhes por trás dos esforços para se elegerem. Por exemplo. Recentemente,
ao prestar mais atenção na propaganda televisiva eu comecei a sentir falta de
candidatos de alguns partidos grandes na briga pela prefeitura do Rio (cidade
onde resido), e notei também que alguns candidatos fazem parte de coligações
com 20 partidos, alguns que eu nem sabia que existia e que se quer tem
candidatos nessa eleição. Tenho certeza que isso se replica em (quase todos) muitos
municípios do Brasil. Talvez você saiba a razão para isso, mas não custa nada
lembrar.
Além de empregar o candidato que ganhar, as eleições governamentais
também empregam uma legião de pessoas através dos chamados cargos
comissionados. Explicando de forma simplista, cargos comissionados são aqueles
onde a pessoa contratada vai executar um serviço público sem precisar prestar
concurso, sendo indicada pelo político eleito. Ou seja, um cargo de confiança.
Adivinha quem serão as pessoas que ocuparão esses cargos? Acertou quem disse
que serão aqueles que apoiaram a candidatura e tiveram posição de destaque
durante a campanha. Esse tipo de apoio em troca de cargo parece ser uma
tradição muito comum na política brasileira e tem todo respaldo da legislação,
mas a meu ver, é bem imoral.
Política, além de ser um sistema de gestão social, é uma ideologia.
Logo, as pessoas envolvidas nessa prática deveriam se agrupar em coletivos que
tenham um mesmo posicionamento e enfoque na administração do estado. Então como
explicar coligações tão grandes que englobem comunistas, neoliberais e
religiosos em um mesmo grupo? Eu explico. Essas coligações não estão unidas
pelo idealismo sociopolítico e sim pelo dinheiro. Afinal, a única chance que
alguns partidos pequenos ou de “esquerda” tem de participar da máquina (de
fazer dinheiro) chamada governo é com esse tipo de apoio. Outra coisa muito
comum e problemática é o financiamento de candidaturas. Algumas campanhas milionárias
contam com dinheiro advindo de grandes empresas que, ao final das eleições,
terão certa preferência em licitações e contratos diretos. Sim, isso é crime.
Mas a gente sabe que acontece.
Não conheço quase nada de justiça eleitoral, mas é perceptível até
para os leigos que a casa não está bem arrumada. O Brasil precisa de mudanças
importantes no nosso “democrático” processo de eleição de governantes, a
começar pela mediação na formação de coligações, valores de doações para campanhas
e tempo de exposição na televisão e rádio. Nosso processo atual não é nem um
pouco justo e permite que o candidato que possui mais apoio de partidos
coligados obtenha vantagem sobre os outros, já que o tempo de exposição nos
meios de comunicação é por partido e não por candidato. Logo, uma coligação de
20 partidos e um candidato tem muito mais chances de mostrar suas propostas do
que um candidato de um partido apenas. Nosso sistema eleitoral, tão
orgulhosamente ostentado pelo governo como um dos mais seguros e avançados do
mundo, ainda dá margem para o comércio de cargos e votos, não é democrático e é
falho na fiscalização e punição dos crimes eleitorais.
Mas sinceramente, a culpa disso tudo não é do governo. É do povo!
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