Despedida pessoal

Eu sentia uma tristeza estranha. Ao longo do dia o meu corpo quase não respondia aos meus impulsos, talvez como um reflexo do cansaço acumulado e da febre alta da noite anterior. Pela primeira vez eu senti medo de estar no meio da floresta e isolado da urbe que me faz tão mal, e a mais de uma dezena de quilômetros de distância de qualquer outro humano que não fossem meus três companheiros de campo. Me perguntei por várias vezes se a febre iria ceder ou eu que cederia à febre. Eu contava as horas e torcia para que a noite demorasse a chegar, afinal, tudo no escuro parece pior, mas ela chegou. Conforme as horas passavam e a febre não vinha, meu corpo relaxava, mas meu coração apertava. Eu imaginei que quando a madrugada chegasse eu iria torcer pra que o dia viesse logo, mas não, a cada hora eu torcia para que aquela noite demorasse mais a passar, mas a madrugada foi breve. Com o primeiro raio de Sol do dia o peito ficou apertado, e foi aí que percebi que com ou sem febre a minha tristeza era apenas por saber que aquelas tinham sido as últimas noites na maravilhosa encosta daquele morro de florestas, e possivelmente meu olhos nunca mais vejam aquela paisagem de novo. O trabalho acabou...


Cachoeiras de Macacu, Rio de Janeiro, Brasil.
Junho de 2012