Já tem mais de três meses que as universidades federais brasileiras
estão em greve e eu sou estudante e trabalho em uma universidade federal, e
embora tenha demorado, não posso deixar de falar sobre isso. Não sou de todo a
favor da greve, mas também não a condeno, e não vou abordar isto aqui. A causa
da greve é que os professores (e alguns outros setores funcionais) querem
reajuste salarial e melhores condições de trabalho, como prometido pela
presidente Dilma Rousseff em sua campanha. Digno e aceitável. O governo por sua
vez tem dificuldades de negociar com o sindicato (que não representa a classe,
cá entre nós) e não aceita a proposta porque diz que é incompatível com o
orçamento do governo.
Então a gente ouve o nosso ministro da fazenda, Guido Mantega, dizer
que “o investimento em educação vai
quebrar o Brasil”. Enquanto isso a nossa populista presidente aprovou um projeto
do Exército para garantir a integridade dos prédios públicos e a oferta de
serviços essenciais em caso de ameaça externa (improvável) e principalmente de
greves (que se multiplicam). Tal sistema de “proteção” está orçado em R$ 9,6
bilhões. Continuando a ideia, no ano passado os deputados e senadores aprovaram
(em tempo recorde) o aumento dos seus próprios salários e dos ministros e
presidente, e tal aumento passou a valer em fevereiro deste ano, representando
um gasto de R$ 90 milhões anuais a mais aos cofres públicos. Além disso, o
investimento em bolsas-auxílio aumenta, mas a qualidade dos serviços públicos
está cada vez mais precária. Aliás, a criação e o aumento do investimento das bolsas
só prova que a gestão dos três últimos governos é um fiasco, já que o rumo
natural de um bom governo é o aumento da educação e consequentemente uma melhor
ocupação do mercado de trabalho, necessitando cada vez menos desses auxílios.
Voltando a greve dos professores. A questão é simples. Um país que
está mais preocupado em investir em sistemas de “proteção” (contra greves),
bolsas-auxílio e exploração de recursos naturais, deixando a educação totalmente
de lado, certamente não tem um governo idôneo. Afinal, educação de qualidade
cria pessoas pensantes e bolsas-auxílio criam eleitores fiéis. E não devemos
esquecer que as eleições estão chegando, não se venda por pompas e planos
mirabolantes sobre saúde, segurança e educação, tente apenas escolher um
candidato que não invista em mentiras.
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