20 de agosto de 2012

Investimento em mentiras


Já tem mais de três meses que as universidades federais brasileiras estão em greve e eu sou estudante e trabalho em uma universidade federal, e embora tenha demorado, não posso deixar de falar sobre isso. Não sou de todo a favor da greve, mas também não a condeno, e não vou abordar isto aqui. A causa da greve é que os professores (e alguns outros setores funcionais) querem reajuste salarial e melhores condições de trabalho, como prometido pela presidente Dilma Rousseff em sua campanha. Digno e aceitável. O governo por sua vez tem dificuldades de negociar com o sindicato (que não representa a classe, cá entre nós) e não aceita a proposta porque diz que é incompatível com o orçamento do governo.

Então a gente ouve o nosso ministro da fazenda, Guido Mantega, dizer que “o investimento em educação vai quebrar o Brasil”. Enquanto isso a nossa populista presidente aprovou um projeto do Exército para garantir a integridade dos prédios públicos e a oferta de serviços essenciais em caso de ameaça externa (improvável) e principalmente de greves (que se multiplicam). Tal sistema de “proteção” está orçado em R$ 9,6 bilhões. Continuando a ideia, no ano passado os deputados e senadores aprovaram (em tempo recorde) o aumento dos seus próprios salários e dos ministros e presidente, e tal aumento passou a valer em fevereiro deste ano, representando um gasto de R$ 90 milhões anuais a mais aos cofres públicos. Além disso, o investimento em bolsas-auxílio aumenta, mas a qualidade dos serviços públicos está cada vez mais precária. Aliás, a criação e o aumento do investimento das bolsas só prova que a gestão dos três últimos governos é um fiasco, já que o rumo natural de um bom governo é o aumento da educação e consequentemente uma melhor ocupação do mercado de trabalho, necessitando cada vez menos desses auxílios.

Voltando a greve dos professores. A questão é simples. Um país que está mais preocupado em investir em sistemas de “proteção” (contra greves), bolsas-auxílio e exploração de recursos naturais, deixando a educação totalmente de lado, certamente não tem um governo idôneo. Afinal, educação de qualidade cria pessoas pensantes e bolsas-auxílio criam eleitores fiéis. E não devemos esquecer que as eleições estão chegando, não se venda por pompas e planos mirabolantes sobre saúde, segurança e educação, tente apenas escolher um candidato que não invista em mentiras.

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