Essa semana eu vi o comercial de um automóvel na televisão que me
deixou bastante perturbado. Nele, um homem de boa aparência e classe social
elevada estava trabalhando e começava a desaparecer, seu corpo ia ficando
transparente, até que ele corria pra dentro de seu carro e magicamente voltava
a ficar sólido e com cor. Pra mim, a mensagem do comercial foi clara: você só
existe se tiver esse carro!
Não sou esquerdista e nem quero parecer reacionário, mas acho incrível
como o Capitalismo manipula a mídia para intensificar o consumismo, mesmo
claramente impondo valor a nossa existência. Claramente esse comercial subjuga
o valor do homem, sugerindo uma existência baseada no que você possui (ou na
classe social que ocupa?). Pouco a pouco o modelo econômico vai moldando a
sociedade, empurrando os mais ricos para o consumo excessivo e os mais pobres
para a vontade de consumir excessivamente. Esse modelo mantém a balança social
desfavorável, e em uma sociedade com educação precária como a nossa, o
capitalismo é raiz da violência, mas não sozinho, logicamente.
A postura adotada pelo modelo econômico que rege grande parte do planeta
retira o valor dos homens e as razões para nossa existência e as deposita em um
produto comerciável, taxado, avaliado, desejado e com um preço que se você não
pode pagar, a sua existência e razões não valem muito. Sim, o modelo atual é
injusto socialmente, economicamente e ambientalmente. Afinal de contas, para
existir você precisar consumir muito e para suprir a voraz fome da sociedade
que consome é preciso produzir muito, daí pra frente você conhece o desenrolo
dos nossos hábitos esbanjadores. É lixo que cresce e recursos que esgotam.
A cada dia que passa, vivendo dentro de uma metrópole, eu sinto que
vou desaparecendo, ficando transparente também. Deixo menos resíduos por onde eu
passo, consumo poucos recursos, produtos e energia, gero menos lixo e valorizo
a existência e razões das pessoas não importam quem sejam ou onde estejam.
Começo a pensar, que ser transparente na sociedade não é tão ruim assim.
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