22 de março de 2012

Linha reta


Quando entrei na estrada, do alto de um platô, vi a linha reta que cortava a Caatinga como se fosse um talho feito a faca. Aquele corte estava me conduzindo pela primeira vez ao interior de um homem novo, desconhecido para mim até então. Era um homem do sertão, de coração mole e mãos firmes. Um homem de olhos molhados e brutalidade seca, que continha o impiedoso sol da Caatinga e a generosidade das chuvas de fevereiro. Um homem criado pelo amor a vida e moldado pela linha reta dessa estrada. Na estrada pro Piauí, eu nasci de novo e muitos dias depois um outro homem pegou essa mesma estrada de volta pra casa.


São Raimundo Nonato, Piauí, Brasil.
Junho de 2010.


2 comentários:

  1. eu também passei por essa estrada... sinto uma saudade imensa do que vivi nela, da felicidade que eu sentia, ate de uma certa inocencia que havia naquele momento...A Caatinga parece um mundo novo, diferente, e de da a oportuinidade unica de se transformar totalmente quando se entrega de coraçao a ela!!!

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