6 de agosto de 2011

O estigma do saquinho de farmácia

Acorde e saia de casa num dia qualquer para seguir a sua rotina normal. Ao longo do dia preste atenção em quanta coisa inútil você vai receber se for fazer um lanche, ir num mercado, loja, etc.

Por exemplo. Hoje eu fui em uma farmácia para comprar uma pequena caixinha de medicamento, ao passar pelo caixa fiquei abismado ao perceber que a funcionária colocava a minha pequena caixa de remédio dentro de um mini saquinho de plástico de 15x10cm, sem alças e com o logotipo da farmácia gravado em um dos lados. Mais surpreso ainda eu fiquei quando me recusei em levar o saquinho e ela me ofereceu sacola plástica. Primeiro questionamento: Pra que diabos eu vou querer um saquinho tão pequeno? Só se for para esconder o remédio enquanto eu caminhava pra casa, como se eu tivesse transportando alguma substância ilegal. Segundo questionamento: Porque eu precisaria de uma sacola plástica para transportar uma caixinha de remédio de menos de 50g e que cabia no bolso da minha calça?

Pois o problema de boa parte da população é esse, não se questionam do porque das coisas existirem e sua importância em nossas vidas. Aposto que uma entre 1.000 pessoas que vão aquela farmácia não pegam o tal saquinho minúsculo. Não é proposital, mas a quase totalidade das pessoas contribui significativamente para os problemas ambientais sem ao menos saber o que está acontecendo. E os exemplos não param por aqui...

Porque a pasta de dente que usamos diariamente vem dentro de uma caixa de papelão se todas as informações úteis vêm estampadas no próprio tubo do produto? Ou seja, se a verdadeira embalagem é o tubo, a caixa de papelão é o que?

Outro exemplo. Se formos a qualquer lanchonete no melhor estilo fast food, como McDonald’s ou Bob’s, é certo que vamos receber o nosso sanduiche em uma caixinha de papelão colorida, a bebida virá num copo plástico com tampa e canudo, que por sinal também virá embalado com plástico. As folhas de guardanapo de papel também virão embaladas com plástico e seu lanche será cuidadosamente colocado dentro de uma bandeja coberta por uma folha de papel desenhada. O que é desnecessário nesse lanche? Praticamente 80% dos produtos que vem! E após consumir apenas os 350mL de refrigerante e os 80g do lanche você irá jogar todo o resto no lixo!

O problema dessa geração de lixo é ambiental. Contudo, outros aspectos socioeconômicos também ficam claros. Essa quantidade de matéria usada na embalagem, decoração e superproteção do seu produto comprado só agrega valor ao que realmente você deseja consumir. Quando você compra uma pasta de dente, está querendo o creme dental e não o tubo, a caixa de papelão então, menos ainda! Contudo, você está pagando pela pasta, pelo tubo e pela caixa. Com os lanches é a mesma coisa. Se houvesse uma considerável redução dessa “papelada” toda que vem de brinde pra lixeira, o custo do lanche cairia muito, e seu orçamento agradeceria.

Mas as coisas são muito mais complexas do que parecem. E esse modelo de produção desnecessária é estimulado pela maioria dos governos desenvolvimentistas como forma de aquecer a indústria de produtos variados, fazendo a famosa “venda casada”. Você compra o lanche, mas junto você está contribuindo para as industrias gráficas e de produção de papel e plástico. Só que esse modelo é caro para sociedade, gera problemas para o planeta, torna as indústrias interdependentes e viciadas e cria uma sociedade paranoica com a falsa saúde pública. E os benefícios socioeconômicos, como o crescimento do setor privado, geração de emprego e maior arrecadação de impostos, são irrisórios, já que funcionam em uma razão de 1:1, tudo que entra, sai na mesma proporção sem benefícios nítidos para a sociedade (ainda mais com população humana inchada do jeito que está).

Pois bem, é difícil concluir um texto que na verdade tem muito mais coisa pra dizer. Há mais informações escondidas do que mostradas, só não há como sintetizar nesse blog. Mas a conclusão dessa vez é simples: pense mais antes de sair por aí aceitando tudo que lhe oferecem! Pode parecer gratuito, mas alguém sempre está pagando a conta, e nesse caso, é o nosso planeta!


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