21 de julho de 2011

Mundo vertical

Vim andando lentamente por algumas ruas da zona norte do Rio e observando a paisagem que me cercava. Me lembrei de quando era criança e adorava ficar olhando pro céu e imaginando que desenhos os contornos das nuvens formavam. Era um exercício de criatividade e devaneio que me fazia flutuar pelo espaço aberto de um céu azul, ainda que meus pés não saíssem do chão.

De repente, parei e me questionei. Por que será que as crianças já não fazem mais isso? E então quando fui olhar para o céu, percebi que tive que inclinar mais a minha cabeça do que eu me lembrava. Havia uma moldura vertical de aço que espremia o azul em um pequeno espaço de céu, meus olhos tiveram que procurar uma nuvem e meu horizonte pareceu ser uma estrada estreita, pros olhos e pros sonhos!

Há um desenho visual atualmente que pouco favorece o lazer, a distração e a poesia. Não falo da poesia-texto, e sim da poesia-vida! Aquela que é feita pela mágica de não saber o que vai acontecer ao longo do seu dia. Nosso mundo de cidade grande virou uma tela futurista cheio de linhas retas, dias programados e limites de segurança: não coma, não deixe, não ame, não seja, não sinta, não se permita ser aquilo que os outros não querem que você seja. 

Agora a nova ordem mundial é baseada no medo, seja lá do que for: violência, doença, gordura trans - o mundo inteiro agora pode causar câncer, cuidado! Ainda assim, o que mais mata as pessoas da minha geração são os acidentes de trânsito, o álcool e outras drogas, tudo por pura ânsia de viver. Assim a gente vai vivendo essa dialética. Uma sociedade medrosa formada por indivíduos irresponsáveis, e tudo isso também tem a ver com meio ambiente. É só notar!

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