Todos os dias quando estou indo para a universidade de manhã pego o trem sentido Central do Brasil lotado. Na maioria das vezes nem eu mesmo sei como é que consegui entrar. Na volta pra casa, no início da noite, é a mesma coisa! Durante essas viagens eu sempre me pergunto como é possível caber tanta gente em um único trem (que não é pequeno) e como é possível haver tantas pessoas juntas executando uma ação tão corriqueira: ir trabalhar!
Quem anda pelos transportes públicos das grandes metrópoles brasileiras compreende bem que a nossa espécie já está no seu limite populacional, e não é preciso se basear em nenhuma previsão científica ou predição matemática. É a vivência do dia-a-dia mesmo! Todas as espécies do planeta possuem dinâmicas populacionais baseadas em crescimentos e declínios sazonais causados por diversos fatores, como doenças, escassez de alimento, mudanças ambientais, etc. E a nossa espécie não é diferente. Se pararmos pra pensar, a dinâmica das populações humanas é tão complexa que vem modificando os próprios fatores que as limitam. No quaternário muitas fatores implicavam no estabelecimento populacional de nossa espécie: epidemias, competições por espaço e alimento, mortes por embates com outros animais durante a caça, guerras, má nutrição, exposição as adversidades climáticas, e por aí vai... Mas nós dominamos a sabedoria “quase infinita” e mudamos o mundo a nossa volta, alterando também os fatores que mexiam na dinâmica de nossas populações. Por exemplo, na idade média os principais fatores foram epidemias e guerras. Já na idade moderna boa parte das doenças foram desvendadas e sua cura ou tratamento amenizou um dos fatores mais importantes na dinâmica da população de nossa espécie: as epidemias! Com isso, apenas a guerra se tornou a maior ferramenta de morte em massa com influência na dinâmica populacional humana. Mas hoje em dia, nem isso. As guerras agora são artifícios obsoletos de políticas sociais, as batalhas agora são travadas no comércio feroz em que rege nossas leis!
Essa breve dissertação sobre a dinâmica de nossas populações foi só pra explicitar que atualmente nós somos muito mais do que poderíamos ser. E você sabe o que acontece com populações que crescem descontroladamente? Elas colapsam e suas taxas caem bruscamente, podendo ou não desaparecer, sendo este fator dependente de fatores tão complexos que vão contra o objetivo deste texto. Meu objetivo aqui não é pedir para as pessoas pararem de ter filhos, até porque mesmo que isso acontecesse agora isso seu impacto ainda seria pouco significante. Esse não é um texto de alerta, pedindo para você mudar seus hábitos de vida e sim um texto explicativo, informando que é possível que tudo isso venha a ocorrer com nossa espécie um dia! Mas calma, não precisa entrar em desespero, nossa espécie já passou por situações tão extremas quanto essa e sobreviveu, é possível que sobrevivamos a isso também, pelo menos por enquanto. Esse é só mais um exemplo que indica que na maioria das vezes menos é mais! A evolução de nossa psique e nossa sociedade está deixando nossas vidas a beira de um colapso.
Mas sabe que mesmo antes de estudar Ecologia eu já pensava mais ou menos assim, ainda que sem querer. Sempre andei de trem, desde criança, e sempre que ficava naquela interminável fileira de pessoas saindo das estações de trem me sentia como um boi na fila indo para o abate. É, esta fila é real e seu destino semelhante!
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